[Editorial FPN] Muito além dos acidentes

Mais uma vez, os problemas no trânsito motivam registro desta FOLHA (leia na página 8), demonstrando a complexidade do cenário.

O universo local não é isolado, tendo em vista a situação de cidades de médio e grande porte pelo Brasil afora. No nosso caso, é inegável creditar boa parte dos fatores do caos ao crescimento da frota no mesmo espaço de vias públicas.

De 2010 a 2017 (ano da última tabela oficial), o aumento da frota foi de 49,95%, enquanto a população cresceu 5,18% no mesmo período. Já entre 2017 (29.837 veículos emplacados em PN) e 2021 (oficiosamente, 33.427 veículos), houve aumento de 12% da frota, relata o Departamento Municipal de Trânsito/Demutran.

Segundo o Demutran, são estes os dados deste ano: 17.708 carros, 1.399 caminhões, 2.497 caminhonetes, 93 micro-ônibus, 8.734 motocicletas, 755 motonetas, 184 ônibus, 560 reboques, 198 semirreboques, 52 triciclos e 221 utilitários. 

Diretor do Demutran, Lucas Aguiar estimou que cerca de 11.841 veículos circulam em PN somente no horário de pico (entre 17h e 18h), acrescendo-se diariamente a este total a frota das cidades vizinhas (130.170 veículos, das 6h às 22h).

Ressalte-se, dentro da frota de fora, a travessia, pela cidade, de carros e caminhões que chegam e saem das MGs 262 e 329 e da BR-120.

O desafio é, portanto, a viabilização de plano de circulação com melhor aproveitamento viário e avanço da segurança e da operação geral do sistema. Simples assim, ou não.

Há, por exemplo, melhoria das sinalizações verticais e horizontais, mas esta surge em situação de “chover no molhado”, pois o intenso tráfego logo exige nova pintura.

Planejou-se em data recente o estacionamento rotativo, mas, diante de intensas reclamações e da pandemia da Covid, só agora o projeto sai das gavetas do Demutran. A malha urbana também é afetada especialmente em períodos chuvosos, com deterioração sistemática de asfalto e calçamento. De outro lado, a situação é agravada pelas obras municipais, cuja qualidade de acabamento gera constantes reclamações.

Consideremos igualmente a sequência de acidentes, a inevitável poluição atmosférica e a complicada fórmula para viabilizar a prioridade do transporte coletivo em relação a veículos privados.

Numa coisa todos concordam: a integração entre o planejamento da cidade e o da mobilidade urbana é o que definirá o futuro dos nossos espaços públicos.

*Disclaimer: Este editorial foi elaborado pela equipe da Folha de Ponte Nova na edição 1680 e integra a coluna da FOLHA no blog do OPN. As informações contidas neste editorial não refletem, necessariamente, a opinião do OPN.

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